fevereiro 09, 2013

Impressões


1. As penas em Portugal são leves, demasiado leves, para quem comete crimes sem perdão, para mim sem perdão, como pedófilos e outros. Independentemente de terem culpas ou não, acreditando eu que a justiça não terá, ainda assim, falhado no veredito da Casa Pia, a verdade é que os recursos, recorrentes recursos, podem tirar os culpados, considerados culpados, da cadeia dentro de um ano. Prisão domiciliária, pulseira eletrónica, as mordomias podem continuar como se nada tivesse acontecido. Pelo que ouvi, e vi e ouvi a notícia de relance, isso pode acontecer se o réu admitir a culpa. Portanto um confesso perpetrador de crimes pode ser aliviado do seu sofrimento. Boa. Um outro que deu um pontapé num animal, no cumprimento possível de um certo dever, pode ficar com a vida um bocadinho do avesso com as consequências. As prioridades e os disparates que, trocadas, causam parece que não abandonam o infindável reino das constatações nacionais. Para longe, longe disto.

2. Sorrio perante as filas de gente a candidatar-se a um emprego nas Emirate Airlines. Sorrio, não pelo que isso significa, desemprego desenfreado, mas porque também eu nutro simpatia pelo Dubai (onde será o alojamento) e o exotic chic que por lá se respira. Somos mesmo engraçados, eu incluída. Não gostamos dos costumes muçulmanos ou árabes, no que diz respeito a estilos de vida marcados pela falta de liberdade e ausência de alguns direitos, quando eles estão associados à pobreza, pois quando estão envoltos em riqueza o caso muda completamente de figura. Não me ponho de fora, ia para o Dubai já, se fosse novinha e solteira. O luxo, dizia uma das candidatas. Pecadora me confesso. E não é da moda de que falo, no meu caso. É da estética a um nível global, dos edifícios, da arquitetura, da limpeza, da qualidade de vida. Aceita-se melhor que haja véus a cobrirem os rostos, é verdade. Não serão os nossos e no meio de tanta opulência tudo é perdoado. E sorrio. Por isto e ao mesmo tempo porque, de certa forma, também eu embarcaria. E não sei se o lamentaria.

9 comentários:

  1. O país está louco. E eu, se calhar, também. Deve ser por isso que começo a ficar farto da democracia. Alguém tem de por isto na linha!

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    1. KK, eu sou basicamente otimista e lá me vou alheando, consciente e voluntariamente, de muita coisa. Cultivo, tento, a serenidade interior e a adaptabilidade em muitas circunstâncias. Mas realmente, mesmo não as procurando, saltam-nos à vista situações e posturas completamente fora do razoável, do aceitável e até do bem. E não as ignorando elas incomodam mesmo. Tempos loucos, estes, em Portugal, sim... De várias formas. E isso é verdade - em nome da liberdade tudo se faz. Eu amo a liberdade mas com valores e limites. Bom resto de domingo

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  2. Gostei das impressões, principalmente no que toca ás penas em portugal, parece-me que que cada vez mais se pode praticar o crime gratuitamente e que fica tudo por isso mesmo...

    Ana

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    1. Completamente, Ana. Beijinhos e bom carnaval, se apreciar :)

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  3. Comentei à pouco num outro blog em relação ao processo Casa Pia, o que me pareceu pelo que li é que estão esgotadas quaisquer hipóteses de recurso, a partir do momento em que os arguidos, passam a arguidos condenados. Terão agora e obrigatoriamente de cumprir as respectivas penas. Não sei será algo assim...

    O que achei piada em relação ao emprego nas Emirate Airlines, são as regras, algo estranhas, como o comprimento da saia, o cabelo e por aí fora.

    " Por isto e ao mesmo tempo porque, de certa forma, também eu embarcaria. E não sei se o lamentaria." e quem diz a verdade (doa a quem doer) merece todo o nosso respeito :)

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    1. Pois, maria :)
      Quanto às regras da Emirate Airlines, acho muito bem, defendo que a roupa dever ser adequada ao lugar e à circunstância - tenho um post na manga sobre isso. Detesto ver mini-saias, por exemplo, onde elas não ficam bem e tatuagens, de que não gosto nada, idem aspas. Coisas.:)

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  4. Um crime horrendo como a pedofilia deveria merecer sempre prisão perpétua, no mínimo. Mas, como também sabemos, muito "doente" e incoerente anda a justiça em Portugal... Apesar de ter ouvido que os recursos tinham esgotado e que restava agora tratar das formalidade para que os 4 indivíduos condenados regressem à prisão, hoje em dia nada é certo. A ver vamos!
    Quanto aos Emirates, é uma boa oportunidade de trabalho na medida em que o salário e as condições de trabalho serão bem mais dignas do que na Ryanair. Conhecemos o Dubai sobretudo pelo modernismo e exotismo oriental, mas num país muçulmano a vida social para os estrangeiros, sobretudo solteiros, deixa muito a desejar. Para visitar sim, para viver acho pouco atrativo. Marla

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    1. Não sei, não conheço o Dubai. Mas pode ser-se feliz tanto num país muçulmano como num outro qualquer :) Depende de muitas coisas :) Conheço muçulmanos que têm vida social nos seus países, olha Taksim em Istambul - o máximo, adorei!

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    2. Sim, amiga, não ponho em causa que os muçulmanos sejam felizes no seu país. Também gostei muito de visitar a Turquia, mas não sei se gostaria de viver lá. Por acaso, fui seguida e incomodada por um jovem rapaz lá e as coisas aqueceram. Eu cheguei ao ponto de ser bruta!
      Portanto, não sei até que ponto as pessoas não muçulmanas poderão ser felizes num país muçulmano. Mesmo sabendo que o grau de liberdade difere nos diversos países muçulmanos, eu preciso de liberdade de expressão, de igualdade de direitos...e de coisas simples como estar na praia de biquini (sem ser uma praia exclusiva para estrangeiros) e não ser censurada pelo vestuário que escolho entre outras. Marla

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