agosto 22, 2011

Urgente

Este post não tem nada a ver com o anterior. Não é por ser verão e a estação ser silly que o mundo pára, sobretudo nas regiões onde está, digamos, muito quente, eufemisticamente falando. Na Líbia poderá acontecer hoje ainda a mudança. Da incerteza quanto ao futuro à certeza que é o corte com um passado que não serve.

Mas vem esta pequena introdução a propósito da Síria. Com a minha mania da geografia, associo facilmente as letras das matrículas a cidades e países. O meu primeiro carro foi um Clio verde que durou quinze anos até ao abate, e tinha DS na matrícula. Batizei-o de Damasco (batizei outros, o Clio cinza de uma amiga, por exemplo, era o DAkar). Geo delírios, pois então. Mas estava eu a dizer que o meu Clio fazia-me lembrar a Síria e a sua milenar capital.
Sei, lamentavelmente, pouco sobre a Síria. Tenho este fascínio pelo seu nome, evoca memórias bíblicas traduzidas em séries exibidas na Páscoa, mas de facto, parece possuir uma história rica e mesmo uma sociedade culta. De Bashar Al-Assad sei pouco, lembro-me do seu pai antes dele e não pensei que o massacre e o terror que tem carregado contra o seu povo pudessem vir a acontecer. De fato e gravata, ar até distinto, parecia, visto de longe, pertencer a outro tipo de líderes que, apesar de se manterem no poder por muito tempo, sempre demonstrariam alguma humanidade. Pois não foi o caso. A violência que assola a Síria é inaceitável e o preço que pagam os seus naturais e habitantes, pela liberdade, justiça e verdade, é demasiado caro.
Um a um, estamos a assistir a um novo tempo na irmandade árabe. Os anseios por uma vida mais justa e mais digna não são apanágio só de alguns, obviamente. Há toda uma nova geração mais informada a desejar outro modo de vida. Na Síria, com ou sem Irão (que não é árabe, já agora), e sabendo como dificultará qualquer revolução, está, sói dizer-se, na hora.  Aguarda-se o desenrolar dos acontecimentos.... embora cada dia que passe signifique mais uma vida, mais um ato de coragem traduzido em morte. Por isso mesmo. Urge. It´s time to go.

1 comentário:

  1. A situação incontrolável na Síria, assim como nos restantes países árabes que viveram e estão a viver dias de luta/ mudança, entristece-me imenso. Conheço pouco o país,mas sei que se trata de uma nação cultíssima, muito ligada à música, literatura... Esta nação costuma ser convidada de honra no festival de música "Morgenland" aqui na minha cidade. Damasco é, inclusive, a única cidade árabe a possuir uma "big band" de música jazz que atua sempre neste festival. Infelizmente, o programa do festival mudou drasticamente este ano dada a corrente situação. A boa notícia é a presença de um exímio clarinetista sírio, que vive no estrangeiro, claro.
    Regressando ao assunto em questão, o presidente Assad, de fatiota impecável e sempre muito sereno e de aparência civilizada, é mais um lunático desfasado da realidade, que deu, neste fim de semana, uma entrevista à CNN, assegurando que a situação no seu país está sob controle e que apresenta claras melhorias. Contrariando todo o cenário a que temos vindo a assistir, prometeu diálogo, novas reformas, mais liberdade e até eleições parlamentares. Desdramatizou a situação doméstica,apontando o dedo a um pequeno número de sabotadores, o que não corresponde de todo à verdade. Trata-se de uma nação em peso, que anseia por liberdade, dignidade e por direitos humanos. Força, Síria! A libertação há-de chegar! Marla

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