Muito se tem escrito sobre a infidelidade. Falado, ainda mais. E, no entanto, há sempre um ponto de vista que pode ser acrescentado a todas as coisas, e esta não será excepção. Ou por experiência pessoal, ou por reflexão, ou por histórias ouvidas, ou por nos apetecer. Neste caso, deixa-se hoje uma breve impressão. Não se trata aqui de apontar as razões nem falar das consequências, muito menos de dissertar sobre a desilusão ou sofrimento que pode causar. Apenas de saber quem é capaz de o fazer. Fazer a pergunta - quem pode trair? Bem, basicamente...todos. Isso mesmo. Toda a gente. Ou seja, que ninguém se ponha de fora ou, como se diz, ponha as mãos no fogo...por ninguém, inclusivé por nós próprios.
Porque há indivíduos que juram a pés juntos nunca serem capazes de o fazer e, o que é mais extraordinário ainda, juram que o outro, a cara-metade, a alma gémea ou outros epítetos, nunca o faria. Ora isto é de uma arrogância descomunal, muito mais do que ingenuidade. E nunca lhe chamaria confiança, nem segurança, mas mais uma apregoada auto-estima que carece de sensatez. Pressupor que não há ninguém no mundo que iguale ou ultrapasse os nossos encantos, bem, parece-me altamente sobrançeiro e ainda por cima irreal. A sedução que porventura temos ou tivemos no momento da conquista pode desvanecer-se aos olhos do outro, assim como a dele se pode desvanecer perante os nossos. Pensar que somos eternos, insubstituíveis, idolatrados, enfim, não estará propriamente no campo da necessária racionalidade nem de uma desejável modéstia.
Provavelmente haverá que distinguir a chamada facadinha, fruto de uma atracção meramente física, química, luxúria mais ou menos apurada, espicaçada por fantasias, da paixão avassaladora que às vezes nos entra pela porta adentro, a do coração, pois, surgindo mesmo contra a nossa vontade. E se a primeira parece menos desculpável, fruto de um carácter fraco e sujeito a tentações fáceis, a segunda traz sem dúvida mais sofrimento, pois poderá ser irremediável, tendo nós perdido para sempre, e para um novo amor. Ou seja, a traição cujo fétiche é sexual não é tão gravosa nem aniquiladora, em comparação com uma paixão amorosa de rompante, embora seja a primeira realmente mais irritante e mais estupificadora.
Nas duas, há contudo uma grande desilusão por parte de quem é traído. Por amor ou por orgulho, ninguém gosta de sofrer ou perder. Não sei se se gosta de trair. Agora que somos perfeitamente capazes de o fazer, em diferentes circunstâncias e por diferentes causas, acho sinceramente que sim. Não tenhamos certezas absolutas sobre o futuro, nem sobre a nossa vontade, fate sometimes is stronger than will... Não ponhamos o livre arbítrio, que existe, a dominar sempre as emoções... ou as voltas da vida.
Porque há indivíduos que juram a pés juntos nunca serem capazes de o fazer e, o que é mais extraordinário ainda, juram que o outro, a cara-metade, a alma gémea ou outros epítetos, nunca o faria. Ora isto é de uma arrogância descomunal, muito mais do que ingenuidade. E nunca lhe chamaria confiança, nem segurança, mas mais uma apregoada auto-estima que carece de sensatez. Pressupor que não há ninguém no mundo que iguale ou ultrapasse os nossos encantos, bem, parece-me altamente sobrançeiro e ainda por cima irreal. A sedução que porventura temos ou tivemos no momento da conquista pode desvanecer-se aos olhos do outro, assim como a dele se pode desvanecer perante os nossos. Pensar que somos eternos, insubstituíveis, idolatrados, enfim, não estará propriamente no campo da necessária racionalidade nem de uma desejável modéstia.
Provavelmente haverá que distinguir a chamada facadinha, fruto de uma atracção meramente física, química, luxúria mais ou menos apurada, espicaçada por fantasias, da paixão avassaladora que às vezes nos entra pela porta adentro, a do coração, pois, surgindo mesmo contra a nossa vontade. E se a primeira parece menos desculpável, fruto de um carácter fraco e sujeito a tentações fáceis, a segunda traz sem dúvida mais sofrimento, pois poderá ser irremediável, tendo nós perdido para sempre, e para um novo amor. Ou seja, a traição cujo fétiche é sexual não é tão gravosa nem aniquiladora, em comparação com uma paixão amorosa de rompante, embora seja a primeira realmente mais irritante e mais estupificadora.
Nas duas, há contudo uma grande desilusão por parte de quem é traído. Por amor ou por orgulho, ninguém gosta de sofrer ou perder. Não sei se se gosta de trair. Agora que somos perfeitamente capazes de o fazer, em diferentes circunstâncias e por diferentes causas, acho sinceramente que sim. Não tenhamos certezas absolutas sobre o futuro, nem sobre a nossa vontade, fate sometimes is stronger than will... Não ponhamos o livre arbítrio, que existe, a dominar sempre as emoções... ou as voltas da vida.
A vontade e o livre arbítrio não são efectivamente sempre soberanos! Bem colocado Fatinha! E mais uma vez a verdade! Bjo Luísa
ResponderEliminarQue texto tão realista Fátima, e o mais triste é sem dúvida a desilusão...e o turbilhão de sentimentos vividos. Di
ResponderEliminarMais uma vez um texto que é uma delícia de realismo e clareza, apesar do assunto ser delicado de abordar. Poderia ter sido fácil cair na tentação de julgar... e é isso mesmo que não fazes. Factos sim senhora, facto que a racionalidade, por mais que apregoada, não impera sobre os sentires e os sentimentos. Não digas "desta água não beberei"...deixa-nos todos no mesmo pé de humana igualdade. Gi
ResponderEliminarNovamente.
ResponderEliminarNa verdade nunca devemos dizer nunca e é a nossa liberdade de escolha que preside. Ninguém é de ninguém e todos temos direito ao erro ou ao acerto. Ninguém é santo, graças a Deus.
Também ninguém pode dizer que não perdoará ou criticar quem o faz. No mundo dos sentimentos as certezas são às vezes o maior erro.
É o saber que "posso mas não quero" que nos leva a reflectir e saber que estamos no relacionamento certo.
Sejamos sempre e em primeiro lugar verdadeiras(os) em nós próprias(os).
Sagi
Belíssimo texto, explorando o que há de mais interessante sobre a questão da infidelidade, tema tão vulgarizado nos dias que correm. Sempre dei valor ao tão acertado provérbio: "Nunca digas desta água não beberei." Muitas pessoas afirmam sempre fazer o que é moralmente correto, mas os atos nem sempre correspondem às suas palavras. Todos nós temos fraquezas, faz parte da natureza humana... Os erros fazem parte do nosso percurso de vida. O importante é aprender com eles e tentarmos ser o melhor de nós próprios. Marla
ResponderEliminarFaty, adorei o "Do infiel Amor", mas desculpa...não gostei da imagem, uma snake, brrrrrrrrr, odeio snakes! (hehehehe) embora claro estivesse mais que apropriada ao tema. E concordo contigo, não nos achemos o máximo, ou incapazes de trair, p...ois seremos os primeiros...Mas sabes, detesto a traição, mas também detesto as pessoas que sabendo da traição que o seu parceiro comete calam-se e guardam eternamente esse segredo por medo da perda! Não era capaz de ver/saber e calar... Jinhos :)Manela
ResponderEliminarEu simplesmente digo "do infiel ao amor "vai uma distancia tão grande.....quem ama verdadeiramente, a palavra infiel simplesmente não existe no seu vocabulário! Ana Paula
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