
Tendo já sido visto há bastantes anos, lembro-me sobretudo das impressivas imagens finais, em que a personagem de Harrison Ford se interroga sobre o futuro da sua relação com a de Sean Young. Sabendo que não será eterna, arrasta-se a mesma questão a todas as outras - mas qual será? Qual de nós pode assegurar que a sua relação afectiva, amorosa será vivida até à eternidade? Mesmo sem os condicionalismos de um tempo limitado de vida, quem pode garantir que ela dure para sempre? Por isso a cena final é tão bonita, inesquecível, porque se trata de uma incerteza que a todos nós pertence...
Los Angeles, futuro. Harrison Ford é um ex-polícia (um blade runner) que regressa ao activo para encontrar e aprisionar os replicantes que entretanto se revoltaram numa colónia fora da Terra e que a esta regressam para tentar alargar o seu tempo de vida. Na sua missão, acaba por conhecer a personagem de Sean Young, que é ela própria uma replicante mas que desconhece esse facto, pensando ser humana. Está, portanto, condenada. Os replicantes não durarão mais de quatro anos, tendo sido assim criados como forma de evitar que desenvolvam emoções ou ambicionem alguma forma de independência. Rachel é uma replicante experimental, injectada com memórias de infância transferidas da sobrinha do seu criador, de quem é assistente. Confrontada por Rick relativamente à sua natureza, entra em choque, foge e também ela tem que ser neutralizada. Mas acaba por salvar o blade runner da morte e, obviamente, ele tenta protegê-la.
Com o desenrolar dos acontecimentos e a morte quer do criador quer dos outros replicantes, os dois tentam encetar uma nova étapa, algures. À tocante e filosófica questão - It´s too bad she won´t live, but then again...who does? - Harrison Ford opta por viver na ausência de certeza mas amar, viver. Não eternamente mas o momento, o sentimento, aquilo que faz o seu presente. O futuro.. desconhece-o. Tal como nós.